Aproveitando um daqueles quase comuns fins de semana compridos em Angola, preparámos, eu e dois dos quatro amigos da foto do barco, uma viagem para as terras quentes do Sul, Benguela e Lobito.
Eram 5 dias, pleno verão, para aproveitar com pesca, praia, caça para o Miguel e Kite e mergulho para mim. A viagem, a estrada, essa sim seria a grande a aventura.
Saímos cedo de Luanda, carrinha do Nessu carregada com todo o equipamento, incluindo uma garrafa de mergulho e dois bidons (importantes) de gasóleo. Não faltava nada: bebidas no gelo, comida para o fim de semana, maquinas fotográficas, radios de curto alcance com frequência preparada para amigos se estes se cruzassem no caminho, GPS para gravar o trajecto e registar as zonas dignas de memória e até um mini iPod para todo o tipo de música; e claro, o kite, as armas de caça e o equipamento de mergulho e de pesca. A viagem até a Porto Amboim, 220km, é tranquila. Aproveitámos para atestar pois nesta terra muitas das coisas que podem existir,muitas vezes são miragens, inclusivé o gasóleo.
A seguir a Porto Amboim e já tendo toda a carga ensopada da chuva, fazemos um desvio para registar uma paisagem fantástica: Cachoeiras da Gabela
. Igualmente fantástica, uma espécie de delta longe da foz, mesmo antes de chegar às Cachoeiras
. Ainda não era hora do almoço e foi aqui a primeira cerveja, o que para terras angolanas, já passava da hora; 11:30, se ainda me lembro.
Depois, regresso ao rumo previsto. Paisagens bonitas, pontes arriscadas, chuva mas lá fomos, até cerca de 70km antes do Lobito. Aqui começou uma espécie de prova do Paris Dakar. 70Km de martírio... Para estes 70km foram 2,5 horas, a uma expantosa média de.... 23Km/h!!!
Chegámos a Benguela já de noite e seguimos mais 20km para Sul, direcção BAÍA AZUL, local da casa de alojamento
.
Paisagem fantástica, água quente, um espetáculo.
No dia seguinte fomos cedo para a Praia: Caota, caotinha
, equipamento preparado e água com eles. Eu com garrafa e o Miguel, armado. Muita vida mesmo à saída da praia, pargos e garopas, moreias, safios, estrelas do mar, gorgónias
, cavacos e até meros. Como a coisa prometia, resolvemos alugar uma embarcação
com remadores,
para a tarde e chegar a locais lindos de mergulho e caça. Fomos informados k teríamos 15minutos para chegar a tal paraíso. À boa maneira da terra, levámos 1h. Chegámos e toca a regressar porque a visibilidade era inferior a 1m. O regresso, contra a corrente, 2h. A tarde perdida e pronto!
No dia seguinte, chuva e chuva. Tentámos chegar à mesma praia mas uma zona onde tínhamos passado de carro era agora um autêntico rio. 180º e casa.
Nessa tarde, seguimos para visitar o Lobito. A chuva tinha sido de tal ordem, que passámos por algumas famílias com os pertences na rua (mesas, cadeiras, sacos e sacolas). A tragédia tinha sido grande com algumas mortes no balanço final! Seguimos e chegámos às antigas ruas do Lobito, transformadas em ribeiros torrenciais. Mesmo assim havia até uns corajosos de mota, fato com gravata incluído. Imaginem a fatiota, de mota, 30cm de água e os pés no ar, para não molhar o sapato. Lindo (infelizmente a foto está tremida).
No regresso, paramos numa bomba para abastecer carro e casa e eis que nos deparamos com uma ds melhores cervejas do mundo, em Benguela: directamente da ilha da Madeira, a fantástica CORAL.Mais um dia passado.
No último dia "útil" (uma vez que o último era reservado para a viagem de regresso) e após toda aquela chuvada, esboçámos uma tentativa de voltar a ver o "locador de barco a remos", mesmo prevendo águas completamente invisíveis, tal era a mancha castanha no azul do mar. Puro engano. Água a 28º com visibilidade superior a 15m. Arrisquei uma descida aos 15m, em que vi uns meros enormes e subi por um desfiladeiro lindíssimo, pejado de vida. Neste mergulho, apeteceu-me estar livre de registos e não levei a maquina. Burro, pois sou, eu sei. O melhor de todos e só ficou aqui no registo pessoal e intransmissível...
Como habitualmente, o Miguel apanhou o jantar...
5º e último dia, viagem:9,5 horas para chegar a Luanda. É dose, mas vale bem a pena.