segunda-feira, março 28, 2005

Afinal voa-se em Luanda

Ao fim de 10 meses, consegui, finalmente, fazer uma voltita de avião. Para quem acompanhou a odisseia, vai certamente, tal como eu o fiz, pensar que tinha atingido o "quase" impossível. Fotos não tirei, desta, mas next time around é garantido. Os preços, também não quero falar (nem pensar) nisso.
Saímos do Aeroporto Internacional (não há outro) o que só por si é uma emoção. Um Cessna 172 a passar ao lado dos 747 da TAAG e do A340 da TAP. Infelizmente, não era eu a pilotar mas sim um Sul Africano a fazer horas para tirar o PPA. O dia estava queeeente!!! Foi ele que descolou duma pista que parecia não ter fim comparada com a de Santa Cruz. Voámos até à Barra de Dande pela costa e a imagem, depois de passarmos os bairros de lata da periferia da cidade, é realmente Africana, fantástica. Dali seguimos para dentro, em direcção ao Caxito e barragem das Mabubas, sempre a 1500 pés. Depois da barragem, uma aventura nova: eu tinha que trocar de lugar com o piloto, do banco de trás para o da frente. O avião, como imaginam, pequeno, eu com alguma altura, ele com menos 20cm mas seguramente com mais 20Kg. Africa......
Finalmente aos comandos do Cessna: que saudades. Seguimos para o autódromo, circulando Luanda e os arredores; daí, pela costa junto ao Mussulo para o aeroporto. Comunicações, só o instrutor fazia infelizmente, mas para primeira vez, podia ter sido pior. Faço o circuito de aproximação, circuito de aeroporto e quando estou alinhado na final para aterrar, começo a sentir os comandos pesados; olho para o lado e está o instrutor a controlar o avião. Até me apeteceu dar-lhe um "chega pa lá e manda pa cá o comando, pá" mas como era a primeira vez.... A ver se na próxima corre melhor.
Mas as imagens...... Ainda me imagino no lugar do Robert Redford no filme....

sexta-feira, março 18, 2005

Ele há dias nesta terra.....

Teria que, mais cedo ou mais tarde, escrever sobre este assunto, não fossem pensar que este é o último paraíso pouco desvendado na Terra. E provavelmente ainda é cedo para o fazer pois a história não terá terminado, mas o início da próxima semana vai indicar se o timing foi o correcto.
Como sabem, muitas das coisas "certas" da Europa, são-no bastante menos em Africa. Exs: Luz, água, recolha de lixo, elevadores a funcionar, gasolina/gasóleo nas bombas simultaneamente com electricidade para poderem atestar os carros, etc, etc.
Pois esta semana tem sido engraçada: início da semana, ardeu (sim, ardeu!) o cabo de alimentação de energia para todos os apartamentos na mesma prumada do meu, do 3º ao 13º piso. Felizmente a minha casa tem gerador de energia. Infelizmente este avariou passadas 24 horas do "pequeno incêndio" que ocorreu no corredor, à porta da minha casa.
No dia seguinte, consegui na empresa um gerador pequeno que dava para o frigorífico e para a arca congeladora. Naturalmente impossibilitava qualquer aparelho de ar condicionado, o que nesta altura, em Luanda, é crítico! E seria quase suportável, não fosse o ruído ensurdecedor mesmo ao lado do quarto onde normalmente, DURMO; no outro dia, conseguiu-se um gerador que cabia na varanda e era possível trazer pela escada do edifício até o 6ºandar. Infelizmente, soube ontem, que o mesmo, não tão pequeno como o anterior, não tem capacidade para esta casa. Resultado: estou a suar neste preciso momento, na minha sala. E é de noite! Pior: Hoje de manhã acordei e só tinha água quente. O duche foi perto do impossível, mas tomou-se. O problema foi o calor causado pelo novo gerador que aqueceu o balão metálico da bomba de água e consequntemente toda a água que passa pela bomba. "Inventou-se" um esquentador...! Mas quando tudo só parecia melhorar, eis que cheguei agora a casa, 23:30 para dormir cedo e aproveitar a pesca amanhã e vejo uma inundação na sala e quarto. Vou á varanda e vejo que o mesmo calor que aqueceu o tal balão, foi tanto que fez cair uma tampa inferior de um filtro de água e provocou a descarga completa dos 1000 litros do depósito que tenho. Varanda e sala e quarto é só água. A única coisa boa, é que a água é fresca pois não passou na bomba. Se ao menos pudesse aproveitá-la para um duche fresco.....!!!!!!
Ele há dias... Ou semanas.... E tudo isto a duas semanas de cá ter a Paulinha, finalmente!!!!
Aqui ficam umas fotos das vistas da casa, resta-me isso!
(coloco-as next week, pois "estão no escritório")

sexta-feira, março 04, 2005

Benguela...

Aproveitando um daqueles quase comuns fins de semana compridos em Angola, preparámos, eu e dois dos quatro amigos da foto do barco, uma viagem para as terras quentes do Sul, Benguela e Lobito.
Eram 5 dias, pleno verão, para aproveitar com pesca, praia, caça para o Miguel e Kite e mergulho para mim. A viagem, a estrada, essa sim seria a grande a aventura.
Saímos cedo de Luanda, carrinha do Nessu carregada com todo o equipamento, incluindo uma garrafa de mergulho e dois bidons (importantes) de gasóleo. Não faltava nada: bebidas no gelo, comida para o fim de semana, maquinas fotográficas, radios de curto alcance com frequência preparada para amigos se estes se cruzassem no caminho, GPS para gravar o trajecto e registar as zonas dignas de memória e até um mini iPod para todo o tipo de música; e claro, o kite, as armas de caça e o equipamento de mergulho e de pesca. A viagem até a Porto Amboim, 220km, é tranquila. Aproveitámos para atestar pois nesta terra muitas das coisas que podem existir,muitas vezes são miragens, inclusivé o gasóleo.
A seguir a Porto Amboim e já tendo toda a carga ensopada da chuva, fazemos um desvio para registar uma paisagem fantástica: Cachoeiras da Gabela . Igualmente fantástica, uma espécie de delta longe da foz, mesmo antes de chegar às Cachoeiras . Ainda não era hora do almoço e foi aqui a primeira cerveja, o que para terras angolanas, já passava da hora; 11:30, se ainda me lembro.
Depois, regresso ao rumo previsto. Paisagens bonitas, pontes arriscadas, chuva mas lá fomos, até cerca de 70km antes do Lobito. Aqui começou uma espécie de prova do Paris Dakar. 70Km de martírio... Para estes 70km foram 2,5 horas, a uma expantosa média de.... 23Km/h!!!
Chegámos a Benguela já de noite e seguimos mais 20km para Sul, direcção BAÍA AZUL, local da casa de alojamento .
Paisagem fantástica, água quente, um espetáculo.
No dia seguinte fomos cedo para a Praia: Caota, caotinha , equipamento preparado e água com eles. Eu com garrafa e o Miguel, armado. Muita vida mesmo à saída da praia, pargos e garopas, moreias, safios, estrelas do mar, gorgónias , cavacos e até meros. Como a coisa prometia, resolvemos alugar uma embarcação com remadores,
para a tarde e chegar a locais lindos de mergulho e caça. Fomos informados k teríamos 15minutos para chegar a tal paraíso. À boa maneira da terra, levámos 1h. Chegámos e toca a regressar porque a visibilidade era inferior a 1m. O regresso, contra a corrente, 2h. A tarde perdida e pronto!
No dia seguinte, chuva e chuva. Tentámos chegar à mesma praia mas uma zona onde tínhamos passado de carro era agora um autêntico rio. 180º e casa.
Nessa tarde, seguimos para visitar o Lobito. A chuva tinha sido de tal ordem, que passámos por algumas famílias com os pertences na rua (mesas, cadeiras, sacos e sacolas). A tragédia tinha sido grande com algumas mortes no balanço final! Seguimos e chegámos às antigas ruas do Lobito, transformadas em ribeiros torrenciais. Mesmo assim havia até uns corajosos de mota, fato com gravata incluído. Imaginem a fatiota, de mota, 30cm de água e os pés no ar, para não molhar o sapato. Lindo (infelizmente a foto está tremida). No regresso, paramos numa bomba para abastecer carro e casa e eis que nos deparamos com uma ds melhores cervejas do mundo, em Benguela: directamente da ilha da Madeira, a fantástica CORAL.
Mais um dia passado.
No último dia "útil" (uma vez que o último era reservado para a viagem de regresso) e após toda aquela chuvada, esboçámos uma tentativa de voltar a ver o "locador de barco a remos", mesmo prevendo águas completamente invisíveis, tal era a mancha castanha no azul do mar. Puro engano. Água a 28º com visibilidade superior a 15m. Arrisquei uma descida aos 15m, em que vi uns meros enormes e subi por um desfiladeiro lindíssimo, pejado de vida. Neste mergulho, apeteceu-me estar livre de registos e não levei a maquina. Burro, pois sou, eu sei. O melhor de todos e só ficou aqui no registo pessoal e intransmissível...
Como habitualmente, o Miguel apanhou o jantar...
5º e último dia, viagem:9,5 horas para chegar a Luanda. É dose, mas vale bem a pena.

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