África sem fronteiras!
Decidimos desde cedo que esta nossa estadia em Angola deveria ser vivida intensamente! Tomámos consciência da oportunidade que era viver em pleno continente africano, tão estrategicamente posicionados na geografia deste nosso planeta, rodeados de paisagens únicas e cheiros indescritíveis, que as melhores câmaras de Hollywood tantas vezes tentariam captar e reproduzir.
Relatamos por isso a primeira de (esperamos) muitas viagens que tencionamos fazer por este magnífico e inexplorado continente. Começámos com uma viagem tranquila e talvez uma das menos ambiciosas que tencionamos fazer - S. Tomé e Príncipe.
Guiados e inspirados pelo "Equador", lá voámos rumo à capital - S. Tomé, na ilha de S. Tomé, um voo que não duraria mais de hora e meia, para depois encontrarmos um Toyota Prado que esperava por nós, no aeroporto, para fazer o transfer de 5 minutos até ao Hotel. 3 dias em S. Tomé, com um jeep ou algo que se assemelhava,
Outra curiosidade é que têm basicamente três estradas asfaltadas pela ilha, uma que sai para sul, outra que sai para norte e uma para o interior. Tudo o resto são picadas. Continuando ainda na direcção sul, parámos para almoçar na Roça S. João dos Angolares. Uma comida caseirinha, bem confeccionada servida numa varanda coberta, bem rústica, enquanto assistíamos a uma chuvada que descarregava a sua ira sobre a vasta selva que a nossa vista alcançava.
No segundo dia, decidimos sair para norte. O passeio é lindo porque é praticamente feito pela linha de costa, que tem uma vista fabulosa. Parámos a meio do caminho para comprar cocos, d'áuas (cocos com a finalidade de se lhe retirar a água) e cana do açucar. Qual o nosso espanto quando nos dizem: "Quantos d'áuas querem?" E mesmo antes que houvesse tempo de respondermos, já ia um nativo a trepar coqueiro acima para os apanhar. Só tive tempo de sacar da máquina para captar o momento. Foi lindo! Outra coisa intrigante é a quantidade de rios... não com muito caudal é um facto, mas em grande número. E é engraçado ver as senhoras a lavarem a roupa na margem dos rios e a estender a roupa em cima das pedras de basalto. Duas outras características dignas de se fazerem referência são as casas e os animais: quase todas as casas são construídas sobre estacas, porque chove muitíssimo, parecem palafitas e existe uma quantidade sem número de cabras e porcos que vagueiam pelas ruas, como gente.
Último dia restava ir na direcção do interior. Visitámos duas cascatas, uma dela muito conhecida, a cascata de S. Nicolau, onde tirámos umas fotos e refrescámos os pés.

E assim se completaram os 3 dias. Impossível deixar de mencionar a beleza da baía Ana Chaves que serve de fundo à baixa da cidade.

Ao 4º dia, fomos para sul, na direcção de Porto Alegre, num transfer disponibilizado pelo Pestana Equador - ilhéu das Rolas, onde apanhámos um barco, "Pêro Escobar", para desembarcar frente ao resort. É um ilhéu pequeno, a paisagem paradisíaca, coqueiros à beira de água, águas cristalinas e o contraste das pedras escuras de basalto sobre as areias douradas... absolutamente lindo! Mas absolutamente esquecido... sem quase nada para fazer, que não seja praia, descanso e leitura.
A volta a ilha faz-se em duas horas a caminhar. A parte mais magnífica do passeio são as furnas. Orifícios esculpidos naturalmente na rocha, pela erosão suponho, ligeiramente distantes da linha de costa, que quando a onda rebenta fazem um barulho estrondoso fazendo circular o ar e a água (que parece vapor ao sair do buraco) a uma velocidade que não me atrevo adivinhar, levando o Nuno a acreditar que se tratava de uma verdadeira obra de engenharia.

Só estando no local! A ida ao farol, que de facto é suberba, porque o ponto é bastante elevado e permite ver a ilha para todos os lados, não se conseguindo enxergar um milímetro de chão, tal não é a densidade da selva equatorial que ali se ergue, faz-se em pouco mais de uma hora. E por último o passeio ao marco do Equador: 0º latitude; 0º longitude!
E pronto o mistério da ilha estaria quebrado. Valeram-nos por isso dois interesses - o mergulho e a pesca. O Pestana tem 1 centro de mergulho e 1 centro de pesca. Fizémos 5 mergulhos, 3 que ficaram aquém das nossas expectativas, porque não vimos muita vida e 2 bem mais fabulosos, na Pedra do Braga e na Pedra do Vitorino onde se puderam ver muitas moreias, uma delas gigantesca, com uma cabeça enorme e boca amarela, uns pargos de porte já considerável, 2 cardumes de macoas e um cardume de atuns, polvos, cavacos, caranguejos, camarão... e eu tive a sorte de ver uma tartaruga. Mas dada a visibilidade da água, que é incrível, estávamos à espera de mais, muito mais. Explicaram-nos que precisamente pela água ser tão clara é pobre em planton, que é a principal base de alimentação das espécies e por isso há menos vida do que por exemplo em Angola. Em Angola há muita vida mas 1 metro de visibilidade... Pelo menos em Luanda, mergulhar não tem passado de uma tentativa.
Já no que respeita à pescaria também não tivémos muita sorte. O barco do hotel estava avariado e por isso não foi possível fazer um corrico ao marlin, cujo maior captado naquela zona somava 450kg, o que torna a sua pesca num espectáculo sem igual. Em alternativa, o Nuno e a sua constante busca por aventura, sugeriram que se alugasse uma canoa a um pescador local e que se saísse com ele para a faina, à moda tradicional. E assim foi. A partida às 6 da manhã começou com três homens, entre os quais o Nuno, a arrastarem um "tronco" para água
Coisas de macho e pelos vistos nem é para todos porque parece que há s. tomenses que não aguentam a volta ao estômago que a pesca ao fundo (de barco parado) dá e se viram para a agricultura. O Nuno, de castigo e para não ter mais ideias brilhantes durante as férias, enjoou e eu não. Já não mergulhámos nesse dia e à tarde pude ler um livro, junto à praia, e trabalhar para o bronze, o que raramente tive e tenho oportunidade de fazer, tanto nas férias em S. Tomé como em Angola, por mais irónico que vos possa parecer.
Foram umas belíssimas férias!
Próxima viagem: África do Sul, Março de 2006.